domingo, 25 de setembro de 2011

Trabalhadores do Mundo


Na revolução industrial se constitui as duas principais classes:
*Burguesia industrial detentora dos meios de produção (as máquinas, a fábrica)
*Proletariado A classe trabalhadora (que não é dona de nada a não ser sua força de trabalho, que é vendida a baixos preços).
O número de pessoas que ganhavam a vida por meio de trabalho manual, em troca de sálario, aumentava sensivelmente em todos os países inundados ou apenas banhados pela maré montante do capitalismo ocidental.
Aquelas pessoas eram encontradas onde quer que as cidades modernas necessitassem de trabalhos de construção ou onde houvesse serviços municipais de utilidade pública-já indispensáveis no século XIX, água, gás e esgoto.
Mais expressivo é o fato de, mesmo em países predominantemente agrícolas, os mercados urbanos serem providos de alimentos manufaturados, bebidas, estimulantes e têxteis elementares, por mão-de-obra barata, trabalhando numa espécie de estabelecimento industrial.
Utilização da mão-de-obra para explorar tudo ao alcance com a facilidade de locomoção trazida pelos meios marítimos e terrestres.
Grandes migrações geradas pela Revolução Industrial que alteraram profundamente as condições de vida do trabalhador braçal, provocando inicialmente um intenso deslocamento da população rural para as cidades.
O número de tais assalariados crescia, em grande parte, por eles se haverem transferido de dois grandes reservatórios de trabalho pré-industrial, as oficinas artesanais e a agricultura, que ainda mantinham a maiorias dos seres humanos.
Pelo final do século, a urbanização provavelmente avançara mais e com maior rapidez do que jamais o fizera antes.
Porém a lavoura modernizada, e em processo de modernização exigia menos braços do que antes. Seja como for, o progresso agrícola significava menos gente a trabalhar na lavoura.
A agricultura não-modernizada das regiões atrasadas já não podia oferecer terra suficiente a futuros camponeses que se multiplicavam nas aldeias. A maioria almejava, ao emigrar, não terminar a vida como trabalhadores. Queriam fazer a América ou onde quer que fossem.
O número dos proletários crescia também em ritmo impressionante nas economias que se industrializavam, impulsionado pelo apetite aparentemente ilimitado por força de trabalho nesse período de expansão econômica.
Na proporção em que o trabalho industrial não era mecanizado, não requerendo qualificações especiais, estava não apenas ao alcance de boa parte dos recrutas toscos, mas, por empregar muita mão-de-obra, multiplicava o seu número na proporção que a produção aumentava.
Ao aproximar-se o término do século XIX, não havia país industrializado, em fase de industrialização ou de urbanização que pudesse deixar de tomar consciência dessas massas de trabalhadores, historicamente sem precedentes e aparentemente anônimas e desenraizadas... que dentre em pouco seriam uma maioria.
Em fins do século XIX, cerca de dois terços da população ocupada das grandes cidades ( as que tinham mais de 100.000 habitantes) trabalhavam na indústria.
Mas ainda, embora essas massas fossem heterogêneas e muito pouco uniformes, a tendência de trabalharem como componentes de firmas grandes e complexas, em fábricas de centenas e milhares de operários parecia ser universal, especialmente em novos centros de indústria pesada.
Que aconteceria, na verdade, se os operários se organizassem politicamente como classe?
Foi o que aconteceu em escala européia e grande velocidade. Onde quer que a política democrática e eleitoral o permitisse, apareciam em cena, crescendo com rapidez assustadora, os partidos de massas baseados na classe operária, em sua maior parte inspirados na ideologia do socialismo revolucionário (pois todo socialismo era considerado revolucionário) e liderados por homens e mulheres que acreditavam nessa ideologia.
Um passo decisivo para a afirmação do movimento operário foi dado pelo aparecimento das doutrinas socialistas e pela sua articulação com os partidos políticos.
Esses partidos que em 1890 mal chegavam a existir. Em 1906 já eram levados em conta de tal maneira que um estudioso alemão publica um livro Por que não existe socialismo nos EUA? A existência de partidos operários e socialistas de massas era já a regra: a ausência deles é que surpreendia.
De fato, por volta de 1914, havia partidos socialistas de massas mesmo nos EUA, onde um candidato recebeu quase um milhão de votos. E na Alemanha e Escandinávia, já eram os maiores partidos sociais, detendo de 35-45% do voto nacional.
Nem todos os exércitos de trabalhadores eram tão grandes, compactos e diciplinados como os do norte e centro da Europa. Mas deviam ser levados a sério, como o partido francês que com poucos mebros elegeram mesmo assim 103 deputados, em virtude de seus 1,4 milhão de votos.
Eric Hobsbawm - A Era dos Impérios

Sem comentários: